O mês da utopia coletiva

26-03-2020

Os valores conquistados em abril de 1974, que apregoamos como direitos adquiridos, são hoje postos à prova quando, por uma questão de saúde pública, devemos ficar em casa.
Mas será que este é um tempo de atentado à liberdade individual ou somos nós libertinos, desde sempre?
 
As questões de liberdade são sempre complexas, principalmente quando nos achamos donos de nós, defensores dos nossos direitos (e pouco dos nossos deveres).


A possibilidade de estarmos "presos" em nossas casas no dia da liberdade deve-nos deixar a pensar que tudo o que consideramos , até aqui, mais do que um direito, uma questão da liberdade, é apenas uma utopia.


61% dos portugueses, maiores, supostamente conscientes das suas responsabilidades só têm que fazer agora, quando lhes é pedido, que façam o mesmo que fizeram a 6 de outubro de 2019 e fiquem em casa.


Para os mais esquecidos, 61%, foi a percentagem de portugueses que ficaram em casa quando foram convocados para ir votar, usufruindo de um dos valores de abril, o direito ao voto.


Fiquemos em casa agora e saiamos quando se reestabelecer a vida ou quando formos convocados para tal.


Abril fez-se para pensarmos nele, para o vivermos todos os dias e deixarmos que ele viva em nós.
Agora que estamos a chegar a abril, impossível de dissociar de liberdade, lembremo-nos que, embora estejamos "presos", será abril sempre que sejam salvaguardados os direitos por ele conquistados. Será abril sempre que estiver "em cada esquina um amigo/ em cada rosto igualdade".


A história permite que saibamos o que queremos, a memória faz com que não se cometam os mesmos erros do passado. Agora só nos é pedido que não cometamos erros no presente para não lamentarmos o futuro.

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