Máscaras dos tempos modernos

Olhamo-nos de forma sobranceira.
Fingimos hoje, mais do que nunca, não conhecer aqueles a quem dizíamos sorridentemente "Bom dia" quando vivíamos tempos mais áureos, no que à saúde diz respeito.
A simpatia parece ter passado de moda com a instituição do estado de emergência e o medo (sempre o medo), parece não querer que sejamos seres sociais.
Já não nos abraçamos "como se abraça o tempo" porque o tempo nos foi afastando, dificultando o abraço e esfriando as relações.
Já não roubamos, nos umbrais, os "beijos imperfeitos" que só o eram porque somos demasiado exigentes na escala da perfeição.
Ninguém sairá indiferente desta pandemia.
A socialização está em risco e não são as inúmeras formas digitais de nos vermos e ouvirmos que vão conseguir fazer com que as relações se mantenham como antes.
Não é pessimismo (mesmo sabendo que um pessimista nunca se desilude), também não é falta de otimismo (pois é o otimismo o que nos suporta), é sim, a forma de ver a sociedade numa das épocas mais negras da história moderna.
Agora é uma máscara que esconde o nosso sorriso, assumindo o olhar a designação que sempre lhe deram - o espelho da alma.
Hoje sorrimos com o olhar.